segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Análise: CD "Room for Squares" - John Mayer

John Mayer. Depois de tantas (muitas, MUITAS) horas ouvindo as músicas desse cara, fica difícil tentar defini-lo musicalmente. Romântico? Social? Sentimental? Estabanado? Revoltado? Pensativo? Engraçado? Creio que um mix disso tudo, espalhado entre seus, no momento, 6 álbuns de estúdio (+ 1 EP) e 3 álbuns ao vivo.
Mesmo sendo fã, não é fácil analisar a obra do cara. Há uma profundidade bem profunda (ba tum dss) no que ele faz. Dito isso, esse CD, que é o de estreia, pode parecer menos profundo, mas há uma explicação dada pelo próprio John: o início da carreira é meio que uma amostra para o mundo daquilo que você sabe fazer. É fácil ser raso, mesmo que seja virtuoso, nesse período. E nesse CD, em princípio eu não destacaria nada, se não que há bastante sinceridade na sua interpretação. Como se fosse pouco, e do jeito que eu falo é pouco mesmo! Não é fácil descrever; minha resenha fica aquém do seu lirismo. As letras se encaixam demais nas nossas vidas, tanto que de vez em quando assusta. O cara é realmente bom, confie, escute. E ao vivo a coisa se transforma e o que já era bom fica ainda melhor, mas, calma, calma! Uma hora chegaremos na parte ao vivo. Por hora, basta saber que foi originalmente lançado de forma independente através da Aware Records (divisão da Columbia), e recebeu tanta crítica positiva e foi tão comprado que a grande Columbia o relançou 2 meses depois. Ah, e ganhou um Grammy: Melhor Performance Vocal Masculina de Pop, para a música "Your Body Is A Wonderland". Outra coisa: a produção ficou por conta de John Alagia, e três canções ("No Such Thing", "Neon" e "Love Song For No One") foram co-escritas com Clay Cook, amigo de John de uns anos, e as duas primeiras músicas citadas, além de "My Stupid Mouth" e "Back To You" aparecem no EP "Inside Wants Out" de 1999.
Antes de iniciar, tenho três notas: 1- John tem um EP, de 1999, antes desse CD, de 2001, porém ele contém majoritariamente canções acústicas, que entraram nesse CD com a banda completa. 2- O fandom do John é o fandom mais doido que eu conheço. O mais zoeiro, fanático e apaixonado de qualquer artista. Portanto não me matem se discordarem de mim em algum ponto! (hehehe!) 3- Ao longo dos posts, vou primeiro cobrir todos os seus álbuns de estúdio, e só depois vou analisar o EP e cada álbum ao vivo, ok?

Ok! Vamos começar!

Capa do disco "Room for Squares" de John Mayer

Ou melhor, o John começa: No Such Thing com aquela introdução no violão que já dá a cara de que vem coisa boa. E vem mesmo! A canção é bem enérgica e vem falando como é bom viver a vida real. Why Georgia vem em seguida e, para os fãs, é como um hino: outra introdução no violão e outra canção animada, mas com pegada bem diferente, cantando a "crise de 1/4 da vida" e os momentos sem resposta, chegando ao ápice no refrão: "Am I living it right?" E justamente por ter tal letra e ser animada, ela meio que passa a sensação de libertação desse tipo de pensamento. Pode dar play nela que ela vai botar tudo pra baixo! My Stupid Mouth vem na sequência, e é uma de minhas favoritas. John canta uma situação onde ele, num encontro num restaurante, falou besteira e a garota torceu o nariz, querendo mudar logo de assunto, e ele faz o draminha: "I'm never speaking up again, it only hurts me." Your Body Is A Wonderland chega tranquila e bem redondinha, exaltando as curvas (e outras coisas) da musa do John mais do que Roberto Carlos ama as curvas da Estrada de Santos (ba tum dss). Ok, ok. A canção é totalmente merecedora do Grammy, é muito bem produzida e os vocais se encaixam perfeitamente. E tem muitas garotas que queriam ter um corpitcho com a descrição que ele faz na letra, hein. ;)
Daí vem Neon... outra favorita minha. É mais uma falando sobre uma garota, mas uma que sai pra se divertir e ele sabe que não pode segurá-la, ela tem um ritmo frenético... "she's always buzzing just like neon, neon".

"When sky blue gets dark enough
To see the colors of the city lights
A trail of ruby red and diamond white
Hits her like a sunrise
She comes and goes and comes and goes
Like no one can..."


Pra mim, é misteriosamente encantador tentar imaginar essa garota. Bem, nessa faixa ele assume a guitarra e dá um show, um riff (que nem é assim difícil!) que meio mundo de guitarrista se desdobra pra tocar e não consegue. E a música é um pop excelente, de primeira mesmo.
Em seguida, City Love acalma os ânimos, trazendo a felicidade por ter achado um amor. Daqueles que você quer contar pra todo mundo. Simples assim. Não, não é tão simples assim. É uma canção pra deixar um sorriso na cara. É boa pra andar e cantar junto (e fazer air guitar se possível). 83, na sequência, traz John lembrando de seus 6 anos, querendo voltar àquele tempo bom onde não haviam maiores preocupações do que procurar a lancheira ou perder um boneco, enterrado no quintal. Ô... quem não queria voltar no tempo assim, hein? É uma faixa que transita de um tom mais melódico, nas lembranças, pra um tom animado no refrão e no fim, onde ele deseja voltar a esses tempos, e segue lembrando o que fazia em 1983. 3x5 é mais uma das minhas favoritas, e acho que teria levado Grammy se fosse indicada pra Vocal também. Tem uma pegada única, uma sonoridade envolvente e feita pra cantar com gosto. É uma carta onde o autor, que costumava mandar fotos pra o destinatário (ou a destinatária?) dos lugares que ele via, mas não dessa vez. "No more 3x5". Não dá pra encaixar a beleza do mundo num quadro! Na próxima, ele diz que vai levá-la pra ver o nascer do sol.
Love Song For No One é a mais roqueirinha do disco, e traz uma mensagem simples e direta: "I'm tired of being alone, so hurry up and get here". Vai logo pegar o homem! Ah... nem John sabe pra quem ele canta... ele pode ter passado do outro lado da calçada onde estava "ela" (leia esse "ela" com bastante ênfase) e nem percebeu. Enquanto isso escreve uma canção de amor para ninguém, deitado no chão do quarto numa sexta-feira à noite. Back To You é outra que gosto muito. Essa seria um bom xaveco, embora possa parecer piegas. Ele tenta esquecer, mas é tarde demais, ele simplesmente não consegue se afastar tão fácil. No fim da música, porém, parece-me que ele conseguiu algo... será? Essa faixa é das pra se bater o pé no ritmo. Guitarras, baixo, teclado, o som é bem envolvente, e seria fácil fácil um tema de casal numa novela ou seriado.
Great Indoors dá uma quebrada na melação e na dor de cotovelo, e vem trazer reflexão. Os momentos onde dá vontade de ficar em casa, se alimentar do ócio e sumir do mundo, "wander the great indoors", desbravar sua casa. É uma canção pra sentar na poltrona, fechar os olhos e comer com os ouvidos. Not Myself preserva essa tranquilidade, retomando tema sentimental, de forma diferente porém. Seria uma questão de bipolarismo ou mudança de comportamento por estresse? Não sei. Mas prefiro ouvir a falar... creio que a canção seja mais pra ser apreciada do que debulhada.
St. Patrick's Day finaliza o álbum. E finaliza um relacionamento, como se o casal da história fossem namorados durante o inverno, só pra aquecerem um ao outro no frio, e quando vem o calor, parece que o amor derreteu... sabe? Parece que os feriados eram o motivo pra ficarem juntos, mas depois do dia de São Patrício não haveria mais motivo pra nada.

"Ninguém quer ficar sozinho no Natal.
Em Janeiro, estamos congelados por dentro.
Fazendo novas resoluções centenas de vezes
Fevereiro, você não quer ser minha namorada?
E se o nosso 'pra sempre' é tudo que temos
E algum dia, não teremos mais
Eu estarei bem... se for até o dia de São Patrício..."

Produção perfeita, interpretação poderosa, projeto gráfico muito bom, criativo. Mas não há como não dar 10 pra letras desse cara. Um álbum de estreia simplesmente genial. Ha... mal sabia ele o que viria pela frente... menos ainda sabíamos nós, mas não vamos dar um clique maior que o mouse (gostaram? gostaram?), ainda tem muito chão pela frente, em breve vem o segundo álbum e mais beleza pra nossos ouvidos.

  • Letras: 10
  • Produção: 10
  • Projeto Gráfico: 8,5
  • Interpretação: 9

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Valeu! Em breve tem mais análise. Volte sempre, hehe. :D

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  2. Genial essa crítica, a altura deste ídolo fantástico. Quero ler as outras logo! Quanto mais John Mayer melhor! ^^

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    1. Obrigado! Compartilha aê, tá?
      A agenda do blog tá movimentada, mas espero poder soltar a próxima logo logo. Seguindo a ordem natural, será o Heavier. Quanto mais John Mayer melhor! :D

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