segunda-feira, 20 de abril de 2015

Na dúvida, ignorance is bliss

(Esse texto é mais uma longa opinião e um conselho do que uma regra geral, ok?)

Andei pensando um bocado (o que vai se mostrar contraditório logo logo), e percebi que pra certas coisas na vida, a ignorância é uma bênção. Entenda. Partindo do nada, eu preciso aprender as coisas da vida. Sabendo minimamente sobre um tema que futuramente me levará a tomar decisões, provavelmente posso definir se eu quero conhecer mais (saudavelmente, e não obcecadamente, como veremos adiante), se eu quero distância total e irrestrita, ou se eu quero arriscar agir na doida, mesmo sabendo pouco, o que ainda pode ser válido dependendo do caso.

Sabe aquele discurso de que certo e errado são relativos? Podem até ser mesmo. Mas uma coisa é exata: sempre será errado agir diante de um fato em que não se conhece nada sobre ele. Nem minimamente. Isso pode ser perigoso dependendo do que se trata. No fim das contas, se eu escolho não conhecer algo, é justamente porque eu quero me manter distante disso, certo? Ou, considerando tempo, mesmo que depois venha a ser importante, será DEPOIS, eu quero me manter distante disto agora e ficarei assim por um bom tempo. Mas e se eu não necessariamente sei se quero ou não? Xi!

Então, meu foco no texto será essa última questão. Não vale tanto a pena entrar por um caminho onde há dúvida se vale a pena ou não seguir. Repare que eu não falo "não vale a pena conhecer o que é ruim" porque é meio óbvio que se algo é ruim tu não vai querer aquilo, dããã. Mas se manter na dúvida, na curiosidade, no desconhecimento, e agir assim, é dar um tiro no escuro. Quer arriscar? Perigo à vista. Boa sorte. Ora... pega a lanterna da sabedoria e ilumina o chão à tua volta! Se você não estiver pelo menos amparado por boas opiniões, conselhos de gente que pensa semelhante E TAMBÉM diferente de você, dá um tempo, esfria as ideias, abafa esse fogo aí rapá.

Por motivos óbvios, bom mesmo é gastar tempo com aquilo que se sabe que realmente vale a pena. Aí isso pode acabar sendo relativo, tem coisas que eu amo e julgo serem importantes enquanto outros pensam ser algo irrelevante. E tem coisa que eu acho ser irrelevante que outros dizem ser essencial. O que fazer? Em primeira instância, pelo menos, ser coerente consigo mesmo e tentar não focar no que não é relevante, mesmo que um dia venha a ser e mesmo que tantos outros conseguiram me convencer de que aquilo é legal, mas se não é útil/agradável pra AGORA então pode ficar na gaveta.

Exceto em caso de urgência. E você é quem sabe quando há uma urgência. Você sente isso. Não necessariamente é um arrepio na espinha, um pensamento insistente, o coração batendo forte, ou pode até ser. Mas você sabe, "cara, eu preciso disso AGORA, eu estou convencido de que não há outro, preciso já". Porém, urgências são urgências. Exceções. Não são o caso padrão da sociedade cada vez mais rápida, porém cada vez mais cansada (e dopada de café pra aguentar uma hora mais) e amante da própria cama (na qual demora a pegar no sono, devido justamente à overdose de café).
"Deixa a onça no lugar dela, não a alimente."


Um parêntese: o problema real aqui é cutucar a onça com vara curta e deixar algo que estava quieto começar a mexer contigo e isso de repente dominar teus pensamentos. Mas, isso o quê? Isso a que me refiro é pensar em algo duvidoso, e o desafio aqui é se livrar logo disso. Overthinking é uma bomba. Conselho do tio Phil: nunca me dei bem pensando DEMAIS em alguém ou em alguma ideia duvidosa, um pensamento impreciso, uma bifurcação na mente onde você tem uma escolha a fazer e não sabe pra onde vai. E é meio difícil admitir que se está "obcecado" por algo, mesmo que esse overthinking tenha sido a primeira vez que você pensou nisso por mais de 10 minutos... mas dessa vez se pegou imaginando situações e ideias e projetando o futuro por uns 30 ou 40 minutos... bem, vai com calma. (para a psicologia, o problema do viciado, além do próprio vício, é não reconhecer que é viciado; se você parar e ver que já andou pensando demais em algo é um bom começo).

Se não tiver pressa pra agir (relacionado com tal assunto pensado além da conta), ou se apressar as coisas significa descarrilhar o trem da vida, esquece a caneca extra de café e vai dormir. Deixa a onça no lugar dela, não a alimente. Amanhã tu volta a pensar, DEVAGAR, e vê se era tão importante assim. Deixe pra lá pouco a pouco e teus olhos milagrosamente focam de novo no alvo, naquilo que interessava desde sempre. Se o overthinking recomeçar, ou você está viciado demais ou a questão é importante demais e você precisa resolver logo, mas vá com cuidado.

No fim das contas, não é regra geral, mas comigo uma boa noite de sono dá certo, acordo levinho. Nada como um dia após o outro... ;)

Mas, voltando.

Com essa desgraça de overthinking, você se envolve e se preocupa tanto que já não resta espaço pra outro pensamento, por mais útil que seja. Perceba: preocupa. Pré-ocupa. Um espaço na mente que não deveria estar lá, mas acabou sendo reservado pra algo que você não queria. Ou vai dizer que você gosta de se preocupar com alguma coisa?

Daí você, ser humano que tem acesso a internet (e está lendo o blog por isso), começa a stalkear, procurar artigos, fotos, vídeos, textos, posts, tuítes, daí fica aborrecido, depois para e tenta mudar de assunto mas já tá tão dentro e tão estressado/animado que "não vale a pena parar agora" (percebe a inversão? o que realmente vale a pena?) e tome parafuso desregulando na mente. Dependendo do tema do overthinking, vai começar a debater, conversar, procurar frases feitas, textos, daí vai formular uma opinião de meia tigela, fica mais aborrecido, e só consegue não enlouquecer e, finalmente, retornar para o mundo real, porque graças ao bom Deus você esbarra em algumas limitações e não consegue avançar (mas bem que gostaria), o tempo andou demais e isso te deu um beliscão, e muito provavelmente você não tem TDAH, TOC, ou qualquer outro transtorno desses aí.

Na dúvida, ignorance is bliss. Permita-se desconhecer um pouco mais. Permita-se ser mais menos, viver em paz consigo mesmo, ser um tanto louco. "Cause ever since I tried trying not to find every little meaning in my life it's been fine, I've been cool with my new 'golden rule'..."

Cara, seja livre. Fique tranquilo. Não procure cabelo em ovo. Deixe a rebimboca reversa da segunda arruela superior da parafuseta ¾ pro especialista nisso resolver (o que quer que isso signifique). Quero dizer, utilize a lupa da vida apenas pra detalhar o que é importante, o que é necessário de ser detalhado. Se entregue a aquilo/a quem vai trazer o melhor pra tua vida, sem precisar se pré-ocupar com nada, apenas com comprar mais café, leite, chocolate e canela pra fazer um bom capuccino.

Lembre-se: é tudo vaidade. É tudo passageiro. Foque no Alvo, na Centralidade das coisas. Num alvo olímpico, a parte branca (e o que está fora, lógico) é inútil, os aros preto, azul e vermelho são até legais, mas o que vale mesmo é o centro amarelo, o importante, o valioso, o precioso (...Sméagol, é você?). Isso, sim, importa.

E você sabe muito bem o que é que te importa. Vai fundo, cara. Sem pensar demais.

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