sábado, 24 de janeiro de 2015

Top 5: Melhores álbuns que ouvimos em 2014 (por Phil Santos)

Opa!
Dando continuidade à série, hoje é minha vez de mandar a lista dos 5 álbuns que me prenderam pelos ouvidos em 2014. Confesso que foi muito difícil terminar essa postagem, porque como disse em outro texto, eu escuto muita coisa. Então fica complicado filtrar tudo e conseguir estabelecer um Top, porque eu amo música do jeito que ela é!
2014 foi um ano de consolidar paixões clássicas. Ouvi muita coisa nova, mas principalmente reescutei amores antigos. Coisa que, quando pus de volta no player, fiquei pensando "mas por que diabos eu demorei tanto a voltar a escutar isso?". Mas ainda tive novidades nos meus ouvidos (e que entraram na lista), embora nada aqui tenha sido lançado em 2014 na verdade. Ainda preciso me atualizar com as novidades (o Jhonata já anda fazendo isso -- obrigado, jovem padawan!).

Enfim, sem mais delongas. Vamos ao top.

5º Lugar: "Are You Experienced" - The Jimi Hendrix Experience (1967)

Anos 60. Cultura diferente. Influências diferentes. Pessoas diferentes. Mundo diferente! A gente hoje é tão acostumado em HD, alta definição, alta qualidade, sem imperfeições, tudo tão redondinho e certinho. Se essa galera fosse ouvir Hendrix, iam perder a pureza dos ouvidos -- e a sanidade mental, tamanha arte que ele faz com a guitarra crua, distorcida, tão psicodélica quanto a juventude da época. Mesmo com qualidade de áudio bem sujinha - pô, são quase 50 anos! - a gravação é impecável. Mais uma vez vale a máxima de que a sonoridade é 90% das mãos do músico, e o resto é resto. Se bem que uma Fender Stratocaster dos anos 60 plugada num amplificador Marshall, bruto que nem um ogro, não era bem "resto", né?
Ok. Eu confesso. Sou o guitarrista mais fuleiro do mundo! Nunca fui de ouvir Hendrix. Nunca mesmo. Não que não curtisse, pelo contrário, seria uma senhora heresia. A questão é que eu nunca tinha dissecado, musicalmente, o canhoto. Mas, cara! Reunir Purple Haze, Hey Joe, May This Be Love, The Wind Cries Mary, Fire, Foxy Lady... olha esses clássicos atravessando gerações. Olha o impacto que causou e ainda hoje influencia tudo quanto é guitarrista. E olha que esse era só o álbum de estreia do cara.


Fire



Foxy Lady


4º Lugar: "Californication" - Red Hot Chili Peppers (1999)

Em 2014 eu me aproximei muito do John Frusciante, como pessoa e como musicista. E lógico, como guitarrista. Conhecer a história do cara, os perrengues, altos e baixos, a saída e o retorno triunfal ao RHCP e mais uma saída onde parece que não volta mais (mas tenho fé que volta). O cara chegou na banda como super fã de Hilel Slovak (outro gênio do RHCP, mas que morreu de overdose) para o substituir. Gravou o "Mother's Milk", quebrou a banca no "Blood Sugar Sex Magik", mas não soube lidar com a fama e caiu nas drogas. Saiu da banda. Ficou viciadão em cocaína, heroína e diversos outros, e quase morre (tem cicatrizes até hoje). Voltou como uma fênix!
Esse álbum tem muitas histórias nele, não pelas letras, mas pelas pessoas que se conectaram a ele, à banda, às circunstâncias de tudo. Foi meu primeiro rock (eu tinha 6 anos de idade e viajei LEGAAAAL quando começou a 1ª faixa, "Around the World", o baixo do Flea estourando tudo). Esse álbum soa pra mim como a redenção do John. Soa como o retorno do filho pródigo. Soa como a volta do amigo, do irmão, do cara mais querido da cidade. Soa como a banda voltando à sintonia, ou talvez alcançando uma sintonia jamais vista. Soa como um grande acerto musical, dado que agora o álbum tinha foco (como não foi o anterior, "One Hot Minute"). Uma boa dose de amor, amizade, cumplicidade, punk funk, riffs melódicos, solos envolventes, canções bem estruturadas, e mais amor. Eu demorei a entender isso tudo, mas agora que entendo, guardo esse álbum no coração. É realmente especial pra mim.
Fico com um sorriso no rosto quando penso ou escuto o álbum, e não está sendo diferente enquanto escrevo agora.


Around the World



This Velvet Glove (desculpe, eu tinha que pôr essa versão
ao vivo. No vídeo temos Josh Klinghoffer, amigo de
longa data da banda, e hoje atual guitarrista)


3º Lugar: "Rock In Rio" - Muse (2013) (não é propriamente um álbum, mas um registro do show)

A explicação pra esse item pode parecer confusa. Leiam com calma.
Bem, vocês não sabem o quanto eu simplesmente não suporto música de gêneros eletrônicos. Trance, House, Dance, sei lá que danado é isso. Mas até 2013 era beeeem pior, não era só com gêneros, mas também com bandas que tinham muita influência de eletrônicas. Eu abria exceções como Linkin Park, Black Eyed Peas (sdds Elephunk, sdds Monkey Business), Eminem, Chris Brown, umas (muitas) músicas pra Breakdance (eu era B-boy) e etc, e nem considero essas músicas como
eletrônicas, ou pra ser mais exato na descrição, música tipo balada. Mas exceção não é regra. E mesmo o Coldplay, do qual sou muito fã, me fez torcer o nariz no "Mylo Xyloto" e no "Viva La Vida" (e o "Ghost Love Stories" ferrou de vez).
O fato é que eu já falei aqui que amo festivais, mas nunca ouvi Muse porque eu sabia (será que sabia mesmo? Ha! Nada.) que eles caíam numa clássica categoria de bandas que soam bem rock ao vivo, mas em estúdio acabavam com meus ouvidos por inserirem diversos elementos eletrônicos (alguém aí disse Imagine Dragons?). Bateria eletrônica? Jesus, vou morrer pelos ouvidos. Aliás, o próprio Linkin Park no álbum "Hybrid Theory" tem muita eletrônica, mas é claramente rock, e do bom. Muse? Pffff. Vi o Rock In Rio já torcendo o nariz (mas salvei no PC) e não mudei de ideia.
Apenas quando o tempo passou, um dia eu assisti um vídeo que o cara citava a canção Hysteria, e de curioso fui ouvi-la... uau! Fui então atrás de mais coisa. Só me impressionava. Lembrei que tinha o Rock In Rio no PC e vim ouvir... queimei a língua! O trio inglês vem com tudo! Logo no início, aquele ritmo meio pesadinho e intimista de Supremacy, pra Matt Bellamy vir cantar o início do refrão com uma voz pra tenor clássico nenhum botar defeito. "You don't have long / I am onto you / The time, it has come to destroy / your supremacyyyyyyyyy..." haha! Isso sem falar na sequência do show: Supermassive Black Hole, Hysteria, Plug In Baby, e tantas outras canções que já se tornaram hinos para mim.
Ah! Leitor, me diz, na boa: por que eu demorei taaaanto a ouvir essa banda? De vez em quando, amadurecer é bom... e reconhecer o erro também. Creio que Muse nunca será tão eletrônica como Coldplay (sdds Parachutes, sdds X&Y) , o que me fará ser fã do trio por um booooom tempo. :)

Como os vídeos da banda no Rock In Rio foram gravados da plateia e, portanto, tem baixa qualidade, vou postar outras performances ao vivo, ok? (Por outro lado, teve a transmissão do Multishow e a galera de casa gravou e pôs nos torrents da vida, por isso tenho o show, mas não há vídeo isolado de uma ou outra música, que não seja dessa forma citada acima, da plateia... mas caso queiram o RIR completo falem comigo, ou procurem o DVD Live At Rome Olympic Stadium, pois nesse setlist eles basearam a turnê de 2013. Curtam aí!)


Supermassive Black Hole



Plug in Baby


2º Lugar: "Até eu Envelhecer (Ao Vivo)" - Resgate (2008)

Na verdade eu já conhecia o Resgate. Conheci em 2012, ouvi meio álbum, ok, esqueci. Mas nunca parei pra ouvir realmente. 2012 foi um ano muito conturbado. 2013, cansativo, enfadonho. Em 2014 joguei a toalha e Deus disse "Entendeu? Você não precisava ter entrado nessa luta. Deixa comigo".
O Oficina G3 é uma banda que teve grande parte na minha vida, principalmente no caminho da minha conversão até meu batismo e um pouco depois dele. O Resgate veio como um fortalecimento do céu. Um refrigério, uma bênção, um help.
Cara, eu fico totalmente agradecido por ver uma banda que sobreviveu ao tempo, às fases loucas do Gospel nacional, se sustentou musicalmente e liricamente, sem perder integrantes de forma polêmicazinha. Na verdade não perdeu nenhum (tá, Dudu Borges entrou em 2006 e saiu em 2012, mas foi uma fase diferente da banda). E claro, sem perder o rock 'n roll.  Mantiveram o bom humor, a imensa criatividade (fico de queixo caído com as letras, e não é pura fanboyzice), a coerência com as Escrituras e preservando sua identidade como pessoas, talvez até mudando pra melhor, como quando saíram da Renasc... hm, isso é outra história.
Bem, tal qual o Muse, esse álbum veio me dar um estalo do tempo que eu perdi sem ouvi-los. Sei que o Top 5 é de álbuns, mas no caso desses itens #3 e #2 o que rolou foi um álbum que me chamou a atenção pro trabalho todo da banda, não ficou só em um álbum, embora tanto o Rock In Rio pro Muse como o Até Eu Envelhecer - Ao Vivo pro Resgate tenham me marcado muito, são bem especiais pra mim agora. E uma diferença entre o #2 e o #3 é que não houve tanto amadurecimento musical com Resgate, porque é o rock que eu sempre curti, mas por outro lado eu consolidei minha opinião de que a banda é a #1 do rock cristão nacional, por ser um rock de primeiríssima qualidade. Na primeira vez que ouvi esse álbum, parecia que cada música falava a mim. "Sai que agora eu quero andar!", diz Meus Pés. Ou o clássico do Katsbarnea, Apocalipse Now, que eles puseram no show... ou Palavras, ou Perdido e o Sentido, ou Astronauta, ou O Médico e o Monstro (sim! Dr. Jekyll & Mr. Hyde). Ou... sei lá, todas, TODAS! Eita DVD bão, sô! :)))
Ainda hoje, eu me vejo sendo fortalecido por esses caras. Tipo... qual a escala que foi aquele solo daquela música? Sei lá. Até a hora que eu precisar tocar, pouco importa. Mas o que importa mesmo é que ao fim daquela música eu olho pro Alto e digo "obrigado... eu precisava disso!".


Meus Pés


O Meu Lugar


1º Lugar: "Heavier Things" + "Born & Raised" - John Mayer (são dois álbuns)

Bem, não quero dar muito spoiler, porque como estou fazendo as análises da discografia de John Mayer eu falarei de maneira bem completa dos dois. E como sou fã do cara, pode parecer altamente sugestivo eu tê-lo colocado em #1. Questão é que, como eu já falei, 2014 foi desistidor (existe isso?).
Esses dois álbuns pareceram tão mandados do céu quanto os do Resgate. Mas com uma diferença, Resgate aborda o espiritual, que é a visão de Deus sobre isso tudo. John trata do humano... sonhos, realizações, erros, faltas, dúvidas, apostas, certezas, mais erros. Um não é maior que o outro: espiritual e humano andam lado a lado. Mas esses álbuns me fizeram ver não só como eu estava como também a forma que muita gente ao meu lado se sentia.
Como minha amiga Consthânza me disse, o Heavier Things é um álbum cotidiano. Isso foi difícil de perceber. Como assim, cotidiano? Não conseguia achar o conceito. Não captava a conexão entre as canções. Me parecia apenas uma coletânea pop. Foi num típico dia meu de 2014, frustrado, cansado, ponho o álbum pra tocar... mais uma vez, o estalo... eu já sabia as letras, as melodias, mas agora os olhos abriram, os ouvidos entenderam, e tudo fez sentido, tudo se encaixou. Não sei explicar de forma resumida.
O que adianto é que minha rotina é muito enfadonha e não é nada fácil quebrá-la (finais de semana não resolvem), e só meus fones de ouvido e minhas raras leituras me servem de escape e esperança de dias melhores. O engraçado é que esse álbum te quebra todo, amassa, mói tua alma, te põe pra baixo, porque não é um álbum animador. É cotidiano, doloroso, repetitivo. E justamente por ser assim é que ele é tão esperançoso, seja eu olhando minha vida ou contemplando a dos outros. Acho que foi esse o estalo que me deu na hora. Canções como Wheel, Homelife, Clarity, Split Screen Sadness me fazem parar, literalmente.
John passou uns grandes perrengues na vida. Problemas com fama, relacionamentos, tabloides, declarações moralmente feias. Isso tudo atingiu o ápice entre 2010 e 2011. Ele então percebeu o que andou fazendo... se trancou (apenas durante o dia :D ) no Electric Lady Studios, começou a pensar, escrever, tocar, mas tomou um rumo totalmente não-pop dessa vez, e deveria dizer que esse álbum mereceu Grammy mais que qualquer outro... mas não era pop, nunca levaria nem indicação. Ah... não deveria ser popzinho, não dessa vez. Ele escolheu mudar. Nas letras, derramou o coração. Lavou a alma. Falou como homem, não mais o homem estereótipo, o bonitão das tapiocas ou o sortudo ou fracassado amoroso, mas como homem humano.
Cara, esse álbum mexeu demaaaais comigo. Me deu cada arrepio que Deus só não duvida porque Ele já sabia. Em particular, o ouvi bastante num período difícil dentro de casa e na faculdade. John parece conversar com você nesse álbum. Uma conversa em frente à lareira, durante um inverno, o homem que parecia inquebrável, inabalável, abre o coração. Aqui não houve estalo ou lâmpada acendendo: o álbum é direto, na lata, sem arrodeios nem loucas metáforas. Conversa de homem pra homem, o assunto é sério e o prazo é curto. Destaco aqui a faixa título, e ainda Whiskey, Whiskey, Whiskey If I Ever Get Around To Living, Queen Of California, A Face To Call Home, Walt Grace's Submarine Test e é melhor eu parar porque se não eu ponho o álbum inteiro.
Ah, o Electric Lady Studios foi criado pelo Jimi Hendrix. ;)

Novamente, como não quero dar spoilers (e já acho que dei demais), vou apenas pôr uma canção de cada álbum. ;)


Homelife (ou Home Life? já vi das duas formas)



Born & Raised

Ufa! Mais um post com o selo de qualidade Phil Santos, o prolixo. (Pra quem não sabe, prolixo é quem, digamos, usa 1kg pra falar 100g de conteúdo). Mas espero que tenham gostado. Não se limitem a este post, vão atrás dos álbuns, baixem -- ou se possível for, comprem, valorizem o trabalho do artista -- e escutem bastante, que estarei sempre disponível pra conversar sobre qualquer um desses álbuns e muitos mais além deles.

Forte abraço!
Valeu!

Nenhum comentário:

Postar um comentário