sexta-feira, 7 de agosto de 2015

E se acordássemos agora?

É bem comum que nós, jovens da era moderna, sinta que algo ainda nos falta. Quando se atinge uma certa idade, você percebe que as coisas que outrora achava importante, agora não faz diferença nenhuma. E olha que estou com 19 agora. Novinho demais para achar as obviedades chatas. Mas bem que quando se tem um foco e determinação o bastante para apostar todas as fichas nisto, a vida ganha uma forma mais consistente. Não sou cozinheiro, mas acho que quando se cozinha uma comida muito gostosa para uma ocasião pra lá de especial, tem que haver uma magia culinária ali. Não para quem está cozinhando, mas para quem vai se deliciar. Acredito que na vida, é mais ou menos assim também. Precisamos ser mágicos moderados para colocarmos um ingrediente especial em nossos objetivos. Se não for assim, qual o sentido então? Qual é o lance de se viver 19 anos sem pensar numa faculdade, profissionalização, casa, carro, família? E eu percebo bem que, tristemente, essa idade intelectual de "se tocar pra vida", nunca chega para algumas pessoas. Muito me entristece ver alguém sem perspectiva de vida, achando que tudo se resume nas últimas 24 horas do dia ou na próxima boate do sábado a noite. Entristece-me saber que o índice de suicídio aumenta a cada ano e os maiores causadores é a juventude. Mas calma, este não é um texto social e nem de cunho religioso. É um texto que se propõe - sem minha ajuda - passar uma mensagem. Uma simples mensagem diante de tantas que são pregadas no dia-a-dia. Você liga a TV ás 8 da manhã e ver um cara de meia idade negociando um carro de trocentos mil reais com parcelas de, sei lá, uma vida? Liga o computador e é bombardeado de anúncios que tentam te convencer a emagrecer. A noite, ouve o vizinho dizer que seus filhos estão rebeldes e que não sabem mais o que fazer com eles. E eu não sei dizer, mas acho que é aí onde encontramos graça na vida: as diferenças mostram o que a ansiedade frenética que há em nós não é capaz de mostrar. Percebemos olhando os defeitos dos semelhantes que, não existe ninguém perfeito e que não somos os únicos que temos problemas nesse espaço existencial chamado vida. A irreverente Clarice Lispector dizia que viver ultrapassa qualquer entendimento. Somos desafiados a compreender isto. Não mais julgaremos pela aparência e nem reclamaremos do som alto as nove da manhã de domingo. Oscar Wilde ressaltou que viver é a coisa mais rara do mundo e que a maioria das pessoas apenas existem. Existir é relativamente fácil. Seu pai pranta a famosa sementinha em sua mãe, é dada a fecundação e após nove meses você nasce. Pronto, agora você existe. Agora viver, leva tempo. Eu entendo porque é bom crer no sobrenatural, ou melhor, em milagres. Isso vos dá esperança. Entendo porque no dia 2 de novembro, milhões de pessoas no mundo saem de suas casas e vão ao cemitério lembrar de seus entes queridos. Isso os motiva. Isso mostra algo a eles e garante mais alguns meses seguros e alegres. Mas eu confesso que sinto medo. Tenho medo de um dia acordar e ver que a vida que escolhi viver não tem nada a ver com que eu realmente queria para mim. Me amedronta pensar que um dia não terei condições morais e financeiras nenhuma de levar minha família a Disney. Quem não quer conhecer o Patolino e o Mickey?

Há aqueles que não cansam de falar do futebol, e outros,
das novelas e seriados. Algo vos motiva!

Certa vez, em um diálogo descontraído com uma amiga, falamos do quão as pessoas são burras e fazem coisas bizarras inconscientemente, a exemplo de te empurrar na porta do ônibus a fim de conseguir um assento. Isso vos dá esperança. Isso os motiva. Assim como gosto de discutir teologia e NFL com as pessoas, há aqueles que gostam de falar das crises politicas e econômicas do nosso país. Há aqueles que não cansam de falar do futebol, e outros, das novelas e seriados. Algo vos motiva! Eu também entendo porque os jovens da periferia escrevem uma letra imoral e sem bom senso algum e mixam com um batidão de funk para postar no YouTube um vídeo com algumas garotas dançando. Eles querem dinheiro, fama e reconhecimento. Tudo o que garante a eles um alívio, uma sensação de "CONSEGUI!!!". O que me faz ser tão só é que ainda não encontrei-me! Ou melhor, não me amo por inteiro. Ainda me acho pequeno e inferior. John Lennon disse que "Quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém". Entende? Se você não tem gasolina, não vai poder dá carona a ninguém. Se eu não me amo por inteiro, não posso fazer outra pessoa feliz. E aqui, chego a mais um ponto desse nosso texto chato e complexo - ou complexo e chato, como queira -; o ponto em que nós olhamos para a vida que levamos e procuramos identificar o que ainda falta. É certo que nunca seremos bons o bastante. Seremos até a morte, incompletos. Porém, podemos ser melhores. Podemos viver! Acordar na madrugada para ver o sol nascer e o ouvir o galo cantar. Sorrir para os idosos e crianças nas praças. Dizer te amo para a esposa todos os dias, mesmo sem ter um motivo em especial. Alegrar o chefe dizendo o quanto você é feliz em tê-lo como líder. E mesmo que esse texto tenha soado um clichê motivacional, ele retrata a minha e a sua história. Acha que tudo isso é utopia e que sonhamos demais? Então que tal se acordássemos agora?

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